sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Rebelde ma non troppo, a bem da moral, ó faxavôr

No Reino Unido, há uma campanha, com grupo no facebook e tudo, que tenta que Killing in the Name, dos grande Rage Against the Machine, seja o número 1 de downloads do Natal, ao invés da cançãozita do palerma anódino qualquer que ganhou o X-Factor, convenientemente, nestas últimas semanas, em que anda tudo a gastar o salário em prendas.
Os Rage gravaram uma entrevista para a BBC, sessão onde também tocaram Killing in the Name, que já é dos anos 90. Acontece que esta música termina com um repetido "fuck you, I won't do what you tell me", rebeldia que a BBC considerou ser um bocadinho, digamos que , despropositada (segundo a tola da locutora, "nós tínhamos pedido à banda para não dizer isto!", pegando depois do seu chinelo de salto alto para lhes dar tau-tau). É assim, uns lutam pelo direito à ofensa, outros, como a estimada BBC, tentam poupar os nossos delicados ouvidos à dita ofensa.
De qualquer forma, os Rage Against the Machine já fizeram saber que ficam muito felizes por ter sido a sua música a escolhida para, de alguma forma, combater a piroseira comercialona e vazia que é a música "pop" dos dias de hoje, Mariahs Careys e quejandos (sinceramente, não me consigo lembrar de tipa com menos dignidade e valor para a música do que esta Mariah Carey. Consegue ser pior que a Celine Dion, outra cidadã de voz retinta cheia de fru-frus exagerados que até arrepiam de medo). Disse o guitarrista Tom Morello (que, a solo, tem um disquinho muito interessante, The Nightwatchman):

...the internet campaign "tapped into the silent majority of the people in the UK who are tired of being spoon-fed one schmaltzy ballad after another". (tirado daqui)

Não só no Reino Unido, diria eu. O que acontece é que, em Portugal, o top de singles e discos (mesmo o de downloads), que é o caso aqui, é indiferente a quase todos, ao passo que em Inglaterra ainda mantém a notoriedade, de modo que conseguir levar uma canção como Killing in the Name ao topo assume uma relevância que cá, provavelmente, não teria.
Apesar de os Rage Against serem também uma banda que precisa, e com certeza quer, promoção e dinheiro, nunca enriqueceram de forma absurda (tanto quanto sei), mantiveram sempre uma faceta clara de rebeldia e optaram por um percurso mais underground, menos exposto, do seu trabalho. Gostei de saber desta iniciativa de levar ao número 1 o Killing in the Name, com o seu veio quase violento, anti-Establishment, para derrotar nos tops a músiquinha anódina, produzida em série e empacotada, que normalmente se consome.
Espero que o Killing in the Name ganhe. Deixo aqui o vídeo de os Range censurados pela BBC. É apreciar.

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