Devo dizer que, não sendo uma pessoa assim de se dar, e nunca podendo, portanto, proceder ao engate nos termos em que o brilhante Variações o descreve ("um momento em que me dou, em que te dás" - pois, isto para mim não dá, mesmo), continuando, não sendo uma pessoa de me dar, esta minha característica anti-social horrível e triste transparece nas chamadas redes sociais, em que o conceito de "networking", talvez um daqueles que mais abomino e, confesso, pelo qual tenho até um certo desprezo, assume uma importância fundamental. Mormente no facebook.
Dantes não gostava do facebook, mas agora até gosto. Gosto especialmente da parte em que podemos pôr notas, porque eu nunca fui organizada o suficiente para ter um caderninho com poemas e textos de que gosto, e o facebook dá-me a oportunidade de o fazer, com a vantagem de que os amigos podem ver, comentar e discutir ideias comigo, se também gostarem, ou não, daquilo que eu publico lá. Gera-se uma espécie de converseta de café, que é das conversetas que eu mais aprecio nesta vida. No entanto, desconheço por completo as regras de etiqueta do facebook, o que é coisa que me agasta, porque eu, além de ser uma pessoa com a faceta horrível do anti-social, também tenho um bocado a mania de gostar de saber regras (comportamentais, linguísticas, de cortesia, etc.). É uma idiossincrasia minha. E o facebook deixa-me um bocado à nora, especialmente com pessoas que vejo menos na vida real e com quem acabo por me encontrar mais no mundo artificial do facebook. Há pessoas que eu acho uma simpatia no facebook, e com quem conversei mais na internet do que na vida real. Mas, na tal vida real, quando calha encontrar esta gente, verifico que a proximidade online não significa nada. Conhecer alguém online situa-se ali num estado intermédio estranhíssimo, uma espécie de limbo entre um perfeito desconhecido e um mero conhecido. De modo que eu nunca sei como agir . Trato as pessoas por tu? Não trato por tu? Elogio os posts e conversas interessantes do facebook e quejandos, ou finjo que nunca aconteceram, por revelarem uma intimidade que, na vida real, pura e simplesmente não existe? É tal e qual como na cançãozinha dos grandes GNR - "com os pós modernos nunca ganhamos, mas também nada investimos". De modo que estas pessoas do facebook, nas quais nada da minha vida se investe, a não ser algum tempo, mas eu sou uma pessoa com tempo, são uma espécie de seres virtuais, estranhos fantasmas cujo rosto muda à medida que as pessoas actualizam o perfil e mudam fotografias, e que têm sempre representações diferentes para mim (da mesma forma que eu tenho para elas, com certeza).
E nem vou entrar na complicada tarefa de adicionar amigos ou "cancelar" ou "desadicionar" amigos. Isto, então, é uma verdadeira estratégia, com os prós e contras que só os meandros do tal networking é que conseguem decifrar. Eu costumo ter muita vergonha para pedir às pessoas para serem minhas amigas. Parece que estou outra vez a viver os tempos do colégio, em que (isto passava-se no meu colégio, que talvez fosse um local bizarro; não sei como era noutras escolas), continuando, no meu colégio, as meninas (os rapazes eram mais despachados), se gostavam do vestido ou da boneca da outra, chegavam-se ao pé dela e diziam timidamente: "vamos ser amigas?". E era assim, adicionava-se logo ali uma amiguinha. Eu acho que o facebook também se processa de modo similar, e por isso refreio-me um bocadinho de fazer isto, pedir aos outros "queres ser meu amigo?" - acho, digamos que, intrusivo, embora saiba que não é. É cada vez mais normal.
Enfim. Sou um bocado conservadora. Mea culpa, muita expiação e arrependimento.
O que vale é que eu só tenho cinco amigos no facebook. Se tivesse mais, queria ver como era. Escrevia um tratado filosófico sobre estas temáticas interessantíssimas e mandava ao Eduardo de Sá, esse animal da psicologia, para ele dar a sua opinião. Que beleza que havia de sair dali.
Dantes não gostava do facebook, mas agora até gosto. Gosto especialmente da parte em que podemos pôr notas, porque eu nunca fui organizada o suficiente para ter um caderninho com poemas e textos de que gosto, e o facebook dá-me a oportunidade de o fazer, com a vantagem de que os amigos podem ver, comentar e discutir ideias comigo, se também gostarem, ou não, daquilo que eu publico lá. Gera-se uma espécie de converseta de café, que é das conversetas que eu mais aprecio nesta vida. No entanto, desconheço por completo as regras de etiqueta do facebook, o que é coisa que me agasta, porque eu, além de ser uma pessoa com a faceta horrível do anti-social, também tenho um bocado a mania de gostar de saber regras (comportamentais, linguísticas, de cortesia, etc.). É uma idiossincrasia minha. E o facebook deixa-me um bocado à nora, especialmente com pessoas que vejo menos na vida real e com quem acabo por me encontrar mais no mundo artificial do facebook. Há pessoas que eu acho uma simpatia no facebook, e com quem conversei mais na internet do que na vida real. Mas, na tal vida real, quando calha encontrar esta gente, verifico que a proximidade online não significa nada. Conhecer alguém online situa-se ali num estado intermédio estranhíssimo, uma espécie de limbo entre um perfeito desconhecido e um mero conhecido. De modo que eu nunca sei como agir . Trato as pessoas por tu? Não trato por tu? Elogio os posts e conversas interessantes do facebook e quejandos, ou finjo que nunca aconteceram, por revelarem uma intimidade que, na vida real, pura e simplesmente não existe? É tal e qual como na cançãozinha dos grandes GNR - "com os pós modernos nunca ganhamos, mas também nada investimos". De modo que estas pessoas do facebook, nas quais nada da minha vida se investe, a não ser algum tempo, mas eu sou uma pessoa com tempo, são uma espécie de seres virtuais, estranhos fantasmas cujo rosto muda à medida que as pessoas actualizam o perfil e mudam fotografias, e que têm sempre representações diferentes para mim (da mesma forma que eu tenho para elas, com certeza).
E nem vou entrar na complicada tarefa de adicionar amigos ou "cancelar" ou "desadicionar" amigos. Isto, então, é uma verdadeira estratégia, com os prós e contras que só os meandros do tal networking é que conseguem decifrar. Eu costumo ter muita vergonha para pedir às pessoas para serem minhas amigas. Parece que estou outra vez a viver os tempos do colégio, em que (isto passava-se no meu colégio, que talvez fosse um local bizarro; não sei como era noutras escolas), continuando, no meu colégio, as meninas (os rapazes eram mais despachados), se gostavam do vestido ou da boneca da outra, chegavam-se ao pé dela e diziam timidamente: "vamos ser amigas?". E era assim, adicionava-se logo ali uma amiguinha. Eu acho que o facebook também se processa de modo similar, e por isso refreio-me um bocadinho de fazer isto, pedir aos outros "queres ser meu amigo?" - acho, digamos que, intrusivo, embora saiba que não é. É cada vez mais normal.
Enfim. Sou um bocado conservadora. Mea culpa, muita expiação e arrependimento.
O que vale é que eu só tenho cinco amigos no facebook. Se tivesse mais, queria ver como era. Escrevia um tratado filosófico sobre estas temáticas interessantíssimas e mandava ao Eduardo de Sá, esse animal da psicologia, para ele dar a sua opinião. Que beleza que havia de sair dali.
2 comentários:
Já só te falta agarrares na angústia e fazeres dela uma nova indústria.
Se a tanto me ajudar o engenho e arte, quem sabe, Rui... :)
Mas faz-me impressão o trabalho, embora, efectivamente, escute as conversas, importantes ou ambíguas, sem nunca moralizar. Mas fico-me por aqui.
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