terça-feira, 27 de julho de 2010

Ainda há quem veja televisão?, ou: singela homenagem à telenovela brasileira

Eu acho graça a ter em casa um sistema que me permite ter não sei quantos canais televisivos que não vejo. E não vejo, não por não ter tempo, mas sim porque, pura e simplesmente, não encontro nada para ver. Nada, nada. Não se trata aqui de não existirem bons programas de TV - eu acho que existem, mas ou não passam nos inúteis canais dos meos e zons e quejandos, ou passam atrasados, ou tarde e a más horas, ou são interrompidos, ou etc. De modo que, neste momento, a minha pessoa encontra-se a pagar um daqueles fabulosos pacotes de telefone + TV + internet apenas devido ao telefone grátis e à internet rápida, complementada por downloads ainda mais rápidos. A televisão, de que eu tanto gostava em pequena, vistese-a? Era o viste-la.
Ok. Sei que a RTP2 ainda tem umas quantas coisas que valem a pena. Os canais de informação vão tendo. Mas são coisas tão esporádicas. Não há nada ali que faça verdadeiramente falta, nem qualquer programa inovador que valha muito a pena ver. Isto para não falar das tentativas de canais novos, aquele interactivo em que se escolhe o programa, Q ou o que é. Nunca lá vi nada de jeito. É tão moderno, tão urbano, tão em cima do acontecimento, tão criativozinho que me dá vontade de lhes varrer as teias de aranha. Que enjoo.
A internet é que safa a coisa. Todos os bons programas de TV que se possam querer ver estão na net, e é bem mais simples e barato arranjá-los lá do que ficar à espera que os canais em Portugal se lembrem de os passar.
O que me surpreende é que os senhores da televisão não tenham ainda "realizado" este estado de coisas. Não percebo o tipo de público a que se dirigem. A quem não tem internet? A quem for parvo? Uma combinação de ambos, ou não sabe/não responde?
No entanto, devo dizer que sinto uma certa saudade de ser pequena e ter menos complicações na cabecinha, já que tal me permitia vibrar com cada novo episódio da telenovela, brasileira e da Globo com se quer, as únicas verdadeiras telenovelas do mundo. A telenovela. O que eu me lembro das discussões sobre a Kananga do Japão, em que a Dora ia para a rua no Rio de Janeiro dançar com o namorado malandro e de má vida, todo vestido de branco, da Tieta, com aquele genérico da senhora desnuda que pôs o país todo em choque (oh, sr Fradique!, diria Eça), a Betty Faria que volta em glória à aldeiazeca que a desprezara, o inesquecível Roque Santeiro, a viúva Porcina, o Sinhozinho Malta, tou certo ou tou errado, e no último episódio mostraram o cientista estranho, acho que era o Professor Astromar, a transformar-se em lobisomem e tudo... ai, o que eu gostava destas animações todas, das cenas de escandaleira e gritos, cafageste!, de choradeiras e paixões, e ainda por cima com bons actores, Lima Duarte, Regina Duarte, Marília Pêra, Glória Pires.
Tenho saudades de me entusiasmar assim. Agora, já não tenho paciência para telenovelas, mesmo que brasileiras. Embora se haja produto que me tenha ensinado a apreciar um bom drama, uma boa faca e alguidar, esse produto foi sem dúvida a telenovela brasileira, e aqui deixo o meu obrigado. Só não aprendi mais porque a minha mãe impunha limites severos na visualização e não me deixava ver os episódios todos à minha vontade.
E para terminar - há par romântico mais espectacular do que Glória Pires e Fábio Jr? Qual Kate e Leo, qual o quê, se é para ser piroso, que se assuma a piroseira e se vá à fonte, ao original. Glória e Fábio forever, é o que digo.
Bom. Isto para dizer que hoje em dia não vejo muita televisão.


2 comentários:

Zorze disse...

Ui a Dora... ui a Dora...
Já quando o aparecia lobisomem tinha que ir para o quarto, que me dava meducho.

Rita F. disse...

Como está, Sôtor! Saudades suas. :)
Eu ter medo do lobisomem tinha, mas não conseguia deixar de ver. Era fatal. Quem eu não conseguia de forma nenhuma aguentar era a Cuca do Sítio do Picapau Amarelo. Essa é que me fazia tremer de medo.