quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

"Não" é "não"

Há uns tempos, vi uma entrevista com a Pilar del Rio naquele canal Q, que eu por acaso pensava que era chico-esperto, mas afinal até tem coisas bem giras. Continuando, a entrevista foi interessante, e a uma certa altura ("a páginas tantas", como exemplarmente se diz) o entrevistador pergunta a Pilar, muito lamechamente, se considera que um dia, daqui a muitos anos, vai voltar a encontrar Saramago, vão voltar a estar juntos, enfim, aquele discurso pateta da vida depois da morte. Pilar levou a pergunta muito a sério e respondeu, de forma grave, com as seguintes palavras (cito de cabeça, não foi exactamente assim) "não. Nunca mais nos vamos voltar a ver. A morte é assim".
Eu fiquei aterrada com a força daquele "não", e aterrada a pensar em como se pode viver com isto, com a certeza dum "não" assim - nunca mais nos vamos voltar a ver. 
Ainda estou a pensar.

2 comentários:

bea disse...

Deve ler o que disse Simone de Beauvoir aquando da morte de Sartre. Há pessoas com certezas irrevogáveis. É que tanta segurança, impressiona. E não imagino como se lhe dá o braço, a repúdio sistemático da esperança. A morte tem que ser mesmo outro mundo. Onde esperar não cabe.

Prefiro pensar na vida :)

Mas o canal Q é bastante razoável. E boa alternativa se escolhidos os programas.

Rita F. disse...

Quero ler, sim. :)

É verdade, o Q é muito razoável. Tem coisas que não interessam muito, mas certos programas são bem engraçados (gosto particularmente do Felizes para Sempre e do Ferro Activo - este último faz-me mesmo dar gargalhadas). O Que Fica do Que Passa também se vê bem, tal como o Inferno, enfim, como diz, escolhidos os programas, acabam por ser uma boa alternativa.
E pensar na vida parece-me uma boa opção.