quinta-feira, 15 de março de 2012

Resposta pronta

Num filme de que gosto muuuuuuuuuuuuuuuuuuito, High Fidelity, com um actor de que gosto muuuuuuuuuuuito, John Cusack, há uma cena em que este último tem de se confrontar com o namorado actual da ex-namorada, isto é: neste filme, o John Cusack tem uma loja de discos e uma namorada, Laura, que acaba com ele e vai viver com um tipo todo piroso que usava anéis (papel desempenhado pelo Tim Robbins, sempre irrepreensível em tudo o que faz). Este namorado piroso, agastado pelo facto de John Cusack estar sempre a  telefonar à ex-namorada, decide ir à loja de discos do mesmo John Cusack e pedir-lhe, de uma forma toda zen e parva, que ele acabe com a perseguição. Quando John Cusack o vê, fica fora de si, e o que se segue são três diferentes formas hipotéticas de como ele poderia lidar com o caso: insulta o homem, expulsa-o da loja, ou atira-lhe com uma televisão à cabeça. É uma cena linda de ver, por acaso, e das minhas preferidas do filme. E assim ficaria John Cusack esplendorosamente vingado.
Acontece que isto é apenas hipotético. Na realidade, John Cusack ouve o que o outro lhe tem a dizer, diz "está bem" e o Tim Robbins vai-se embora tranquilamente, com as integridades física e moral intactas.
Sempre gostei deste pequeno episódio porque infelizmente se assemelha ao que nos acontece na vida real. Pelo menos, a mim, acontece. As pessoas estão sempre a dizer-me coisas parvas ou com as quais não concordo e nunca consigo responder da forma que eu acho que elas mereciam, assim do estilo "esteja mas é calada, pá". Acontece às vezes chegar a casa e pensar que devia mesmo ter respondido "esteja mas é calada/o, pá". 
Não o faço, porque por um lado a sinceridade traz chatice, e por outro lado a sociedade baseia-se na mentira bem-educada, se não estávamos bem arranjados. Mas isso não que impede que eu simpatize com a situação do John Cusack e não queira, de vez em quando, atirar televisões à cabeça de certas pessoas. Embora, com toda a probabilidade, eu não conseguisse "acartar" (lindíssimo verbo) com a televisão.


Correcção: afinal não é uma televisão, é um amplificador ou assim. De qualquer forma, penso que também não conseguiria acartá-lo.

5 comentários:

Beatrix Kiddo disse...

subscrevo tudo! É tão bom quando escreve bem os meus pensamentos

Beatrix Kiddo disse...

quando alguém escreve bem os meus pensamentos era o que queria dizer. lá vou eu "provar que não sou um robô" outra vez

Mónica disse...

So true! :-)
(Eu também adoro o Cusack! Aliás, ele faz muito bem de tipo meio atormentado no que respeita ao amor e às mulheres, basta lembrar o Serendipity - que não teria 3/4 da piada se não tivesse o Cusack, lá está!)

betânia liberato disse...

uma das melhores cenas de sempre!

fado alexandrino. disse...

Espero que também tenham visto "The Grifters", ali ele já não é assim tão queriduxo.