Num filme de que gosto muuuuuuuuuuuuuuuuuuito, High Fidelity, com um actor de que gosto muuuuuuuuuuuito, John Cusack, há uma cena em que este último tem de se confrontar com o namorado actual da ex-namorada, isto é: neste filme, o John Cusack tem uma loja de discos e uma namorada, Laura, que acaba com ele e vai viver com um tipo todo piroso que usava anéis (papel desempenhado pelo Tim Robbins, sempre irrepreensível em tudo o que faz). Este namorado piroso, agastado pelo facto de John Cusack estar sempre a telefonar à ex-namorada, decide ir à loja de discos do mesmo John Cusack e pedir-lhe, de uma forma toda zen e parva, que ele acabe com a perseguição. Quando John Cusack o vê, fica fora de si, e o que se segue são três diferentes formas hipotéticas de como ele poderia lidar com o caso: insulta o homem, expulsa-o da loja, ou atira-lhe com uma televisão à cabeça. É uma cena linda de ver, por acaso, e das minhas preferidas do filme. E assim ficaria John Cusack esplendorosamente vingado.
Acontece que isto é apenas hipotético. Na realidade, John Cusack ouve o que o outro lhe tem a dizer, diz "está bem" e o Tim Robbins vai-se embora tranquilamente, com as integridades física e moral intactas.
Sempre gostei deste pequeno episódio porque infelizmente se assemelha ao que nos acontece na vida real. Pelo menos, a mim, acontece. As pessoas estão sempre a dizer-me coisas parvas ou com as quais não concordo e nunca consigo responder da forma que eu acho que elas mereciam, assim do estilo "esteja mas é calada, pá". Acontece às vezes chegar a casa e pensar que devia mesmo ter respondido "esteja mas é calada/o, pá".
Não o faço, porque por um lado a sinceridade traz chatice, e por outro lado a sociedade baseia-se na mentira bem-educada, se não estávamos bem arranjados. Mas isso não que impede que eu simpatize com a situação do John Cusack e não queira, de vez em quando, atirar televisões à cabeça de certas pessoas. Embora, com toda a probabilidade, eu não conseguisse "acartar" (lindíssimo verbo) com a televisão.
5 comentários:
subscrevo tudo! É tão bom quando escreve bem os meus pensamentos
quando alguém escreve bem os meus pensamentos era o que queria dizer. lá vou eu "provar que não sou um robô" outra vez
So true! :-)
(Eu também adoro o Cusack! Aliás, ele faz muito bem de tipo meio atormentado no que respeita ao amor e às mulheres, basta lembrar o Serendipity - que não teria 3/4 da piada se não tivesse o Cusack, lá está!)
uma das melhores cenas de sempre!
Espero que também tenham visto "The Grifters", ali ele já não é assim tão queriduxo.
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