sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Grandes inconsequências




Ultimamente, só consigo escrever coisas inconsequentes, de modo que hoje vou escrever sobre os saldos (ah, que original). As pessoas queixam-se de que, em fins de Julho, as coisas já estão muito escolhidas, mas eu acho que não. Por regra, só vou aos saldos nos últimos dias e, também por regra, compro a maior parte das coisas de que preciso em saldos. Encontro sempre objectos de gratificação pessoal muito giros, de modo que não tenho qualquer razão de queixa. Além disso, aproveitar o fim de Julho para as compras é óptimo, porque o pessoal está de férias ou ainda a trabalhar, mas o importante é que não está nas lojas porque pensa que já não vale a pena. Isto beneficia indivíduos como eu (do sexo feminino), que podem deslocar-se calmamente ao Corte Inglês sem grande confusão.  
Este ano, consegui arranjar tudo o queria, menos um fato-de-banho giro. Isso é que não encontrei em lado nenhum e...
Já não consigo mais. É parvoíce a mais, inconsequência a mais. Pensei que me podia distrair com um apontamento de humor, como diria o Herman a imitar o Carlos do Carmo, mas não dá. Devia estar a escrever sobre a Noruega ou qualquer outra coisa horrível e infelizmente importante, mas isso também não dá. Quando nos confrontamos com o mundo, o peso é tão grande que pensamos que a única solução é fingir que não existe. O que pensará o Atlas, a carregar todo o fardo da Terra sobre os ombros? Se calhar, é um homem que pensa noutras coisas, se não fica de tal modo nervoso que o planeta, redondo ainda por cima, difícil de agarrar, lhe começa a escorregar dos ombros suados, e depois o que será de nós, a resvalar por aí abaixo. Tem mesmo que encontrar com que se entreter, o Atlas, encontrar a metafísica que se encerra em não pensar, já dizia Alberto Caeiro. Mas, ao mesmo tempo, ignorar o mundo é, em si mesmo, um fardo terrível, impossível de ignorar. O que é o Atlas faz, põe-se a ver televisão? 
Oh, pá. Ainda nem uma da tarde, e eu já a afogar-me em filosofia tão barata que nem de café é, e duvido mesmo que seja filosofia. Há dias que mais vale nem sair da cama. Vou mas é voltar para lá. Espero que o Atlas esteja distraído, como convém. 

1 comentário:

Pedro Jordão disse...

Inconsequentes são os períodos de ausência. O Atlas concorda certamente comigo, porque a ausência é, em si mesma, um fardo terrível.