Em 1954, Margaret Thatcher escreveu um artigo para uma revista chamado "Mother Knows Best". Falava dos tempos em que ela, M. Thatcher, tinha ficado em casa a cuidar dos seus gémeos, enquanto o marido ia trabalhar. Foi, ao que parece, uma experiência desagradável - embrenhada que ficava no trabalho doméstico, a srª Thatcher dava por si sem ter nada que dizer ao marido quando ele chegava a casa. Sentia-se muito vazia e aguardava ansiosamente pela data em que voltaria ao trabalho, momento glorioso (isto acrescento eu) em que a vida, finalmente, voltaria a fazer sentido.
Escreveram os Beatles: "the further one travels, the less one knows", querendo dizer, acho eu, que não é preciso palmilhar meio mundo para alargar o nosso próprio mundo. Quer dizer, se o pudermos fazer, óptimo, mas há imensa gente que nunca saiu do mesmo sítio e que é mil vezes mais interessante do que outros que, por mais que viajem, terão sempre os horizontes do tamanho de um amendoim.
Portanto, se a srª Thatcher se sentia vazia porque tinha de ficar muito tempo em casa, ao invés de se sentir grata pela oportunidade, retiremos as nossas conclusões, e isto aplica-se a todos aqueles (e, infelizmente, por vezes também "aquelas") que maldizem, ou são reticentes, face a licenças de maternidade e outros progressos civilizacionais. Espero eu não termos chegado a um ponto em que uma mulher (ou homem, claro) é olhada de lado porque entende, ou pode, ficar em casa e dedicar-se aos filhos e à vida doméstica.
Embora todos saibamos que licenças de maternidade e outras mariquices semelhantes não passam de estratagemas foleiros para impedir as mulheres de progredirem na carreira, dar desculpa aos patrões para só contratarem homens e cortar nos salários femininos e outras coisas assim. O melhor é nem sequer ter filhos, que é para não ter de ficar em casa e não dar desculpa a ninguém.
Um emprego já é tão difícil de arranjar.
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