sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Sera seguro nao ter seguro?

Ha duas noticias que tem tomado grande parte da energia dos jornalistas aqui no UK. Uma e a subida do desemprego, e a outra e a validade/futuro/sustentabilidade do NHS, national health service ou, para nos, o servico nacional de saude.
Comecou com declaracoes (ai os acentos, peco tanta desculpa, mas este teclado nao da para mais), dizia, comecou a "polemica" com declaracoes do Partido Republicano de que o NHS, importacao britanica que Obama quer instalar no pais, era "evil" (e, numa versao mais intelectual e sofistificada, "orwelliano") e que deixava hordas de pessoas as portas da morte, em listas de espera, ou recusando-lhes tratamento. Depois, um deputado do Partido Conservador deu umas quantas entrevistas nos Estados Unidos, em que abertamente desvalorizava a existencia de um servico nacional de saude. Resultado: os ingleses foram para o twitter defender o seu bem amado NHS, de tal modo que o sistema foi abaixo (Stephen Hawkings tambem participou, afirmando que o NHS lhe salvara a vida e, aproveitando o "momentum", muitos membros do Partido Trabalhista, nomeadamente Gordon Brown, participaram activamente nas maravilhas da internet, juntado a sua voz a dos outros britanicos que elogiavam o NHS. Os conservadores foram, como o nome indica, mais conservadores e comedidos, e preferiram anunciar em conferencias de imprensa o seu total apoio a instituicao do servico nacional de saude, apesar do colega rebelde ter ido aos States vilipendiar o querido NHS).
Esta historia revela, de imediato, um aspecto periferico mas importante, que e a forma como a internet muda a actividade politica - estou neste momento a ouvir John Prescott na televisao a dizer que fez um discurso no youtube ao povo dos Estados Unidos, para explicar e defender o NHS. Os youtubes e os twitters sao instrumentos rapidos e praticos para o politico estender a sua propaganda e amancebar-se com o "povao".
O mais relevante nesta historia e a discussao da manutencao de um servico nacional de saude e a necessidade extrema, quanto a mim, da sua existencia. Os Republicanos dizem que a "socializacao" da saude e demoniaca, e que condena o Estado a falencia e os doentes a filas de espera. No Reino Unido, muitos dizem ja que o NHS, apesar do emprego que cria, esta perto de se tornar financeiramente incomportavel, principalmente porque se gastam rios de dinheiro em pequenas operacoes que nao sao verdadeiramente relevantes.
O chamado "Estado social" tem sofrido ataques constantes, agudizados pela crise financeira, que nos convence que vamos todos morrer falidos e sem tecto. No entanto, tem de ser possivel uma racionalizacao de custos e a manutencao de um Estado que, no minimo, de educacao e saude de qualidade aos cidadaos. O modelo americano das seguradoras de saude e, para mim, aterrador, e, se por um lado compreendo a falta de dinheiro geral e o envelhecimento da populacao, por outro parece-me que os paises escandinavos, apesar dos impostos altissimos que pagam, dao um bom exemplo. E digo isto enquanto reflicto se investir num seguro de saude sera, ou nao, uma boa ideai.

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