quarta-feira, 25 de abril de 2012

"Respeita!"

Detesto quando me dizem "respeita". Respeitar o quê? Opiniões que não têm nada que ser respeitadas? Se eu tiver a desgraça de conhecer um neo-nazi, tenho de respeitar a opinião dele? Ou tenho apenas de respeitar, forçosamente, o ser humano que ele (lamentavelmente) é?
A minha querida D., que é um baluarte de sensatez e meiguice, está sempre a dizer-me isso. "Ai, que horror, respeita!". Por acaso, a última vez que me disse isto, estávamos a tomar café num estabelecimento com televisão ligada na VH1, e começou a passar aquela música do Time of My Life, do famigerado Dirty Dancing,  sobre o qual, acaso dos acasos, já escrevi aqui e já anunciei que não é película que me entusiasme.
Acontece que a D. adora este filme, da mesma forma que eu gosto de outras bodegas que me fazem lembrar a juventude. Se eu a deixasse, a D. tinha começado a dançar logo ali no meio do café, e para a próxima até a incentivo, porque a D. dança bem como tudo. Mas, naquele preciso momento, não o fiz, e comecei a discursar, "ó D., como é que tu gostas deste filme, olha para este velho que está a cantar a canção, explica-me quem é este velho, nem o vídeo da canção se aproveita, olha para a rapariga a passar férias no Inatel" e blá blá blá, até que a D., fartíssima de me ouvir, exclamou, exasperada, "olha, respeita!".
Respeita. Respeita. O Dirty Dancing? Lamento, mas não.
Eu tento respeitar toda a gente. Mas não faço esforço nenhum para respeitar opiniões que me parecem obtusas (já não estou a falar do Dirty Dancing, bem entendido). Quando leio os comentários do Público (sei que tenho de deixar de o fazer) a aplaudir decisões como cortar  o orçamento para a Cultura, porque "não temos dinheiro", ou a insultar os Gregos, que têm a culpa de tudo o que está a acontecer à Europa, ou mais recentemente, quando ouvi na rádio um senhor emigrante, português, que tinha um cafezinho, ia receber a visita da Marine Le Pen (!) e estava orgulhosíssimo porque ela não estava contra ele, emigrante trabalhador, estava, sim, contra todos os emigrantes preguiçosos, e contra eles também se indignava o tal senhor, dizia, quando sou confrontada com tudo isto, tenho de "respeitar"?
Pois, não me parece. É a minha opinião. Respeitem. 

Nota para fazer justiça à minha querida D. - a música até é gira. 

2 comentários:

SEVE disse...

Tens toda a razão meu amigo!

Dirty Dancing é de sabádio à noite no Continente...

Um abraço

Anónimo disse...

Os tempos passam e as memórias ficam!!! E há coisas que por mais pindéricas possam parecer nos dias de hoje, tempos ouve em que faiam bater coraçõe de adolescentes embevecidas!!! :):)
LOVE