sexta-feira, 1 de abril de 2011

A idade que se tem

A minha avó diz: "não adianta não parecer a idade que se tem, porque os anos estão lá à mesma". 
Acho que a minha avó tem toda a razão. Quando eu era mais nova, julgava que este dito se aplicava só às aparências, e desgostava-me parecer menos idade do que realmente tinha. Hoje em dia, isto parece-me excelente ideia e fico sempre contente quando me tiram três ou quatro anos à idade que realmente tenho. Tenho pena que ninguém se lembre de me dar menos dez anos, mas enfim, não se pode ter tudo.
Curiosamente, o que a minha avó diz também se aplica ao comportamento das pessoas em geral, àquilo que escrevem e à forma como decidem conduzir a sua vida. Não adianta, efectivamente, querermos agir como se tivéssemos menos idade, porque não temos e acabamos por fazer figuras tristes. Detesto quando as pessoas dizem "tenho 35 anos, mas sinto-me como se tivesse 25!". Isto configura um caso de grande tristeza. A ideia é viver e aprender. Qual é a vantagem de ficarmos encravados 10 anos atrás? Nenhuma.
Uma vez disseram-me que, quando me conheciam apenas pelo blogue, pensavam que eu era, ipsis verbis, "uma pitazeca". Isto assustou-me um tanto ou quanto, não pelo sufixo "-eca", já de si enxovalho, mas fundamentalmente por me terem dado muito menos idade do que aquela que tenho apenas por lerem o que escrevo. Não que eu tenha pretensões de escrever coisas de grande maturidade e grandeza, mas também não me agrada saber que o que escrevo poderia provir de uma qualquer miúda com idade para ser designada por "pitazeca". Embora isto não interesse verdadeiramente, porque as pessoas pensam o que quiserem, e se umas pensam o melhor, outras pensarão sempre o pior. É a tal história dos Gregos e dos Troianos, se a gente agrada a um, não agrada a outro. Para compensar, também me disseram uma vez que, através do blogue, se notava que eu era "pessoa de uma certa idade". Respeitável.
E era mais ou menos isto que eu tinha a dizer. Depois de tanto tempo sem posts, a sensação que fica é que a montanha pariu um rato, como se costuma dizer. É a idade, que me tira o viço de antigamente. Há que viver com isso.
E vou tentar fazer posts mais curtos.

1 comentário:

Xantipa disse...

Não pareces nada uma pitazeca. Uma pitazeca não trataria tu cá, tu lá com tantos autores intelectuais e assim...
;)
Beijinhos