Vi, finalmente, o Before Midnight, com grande entusiasmo, muito contente por saber que o Jesse e a Celine se tinham casado e tinham tido bebés e tudo (aleluia!). Bom. Na verdade, este post é um bocado supérfluo porque concorda com a maior parte das observações que vi escritas sobre o filme na imprensa - nada mal, um retrato quase fiel, algo desiludido, do desgaste do casamento, e etc. e tal. Sim, penso que é isso. Exageraram em certas coisas, penso eu - a Celine tornou-se numa louca desvairada, por exemplo (basta dizer que passa seis semanas numa Grécia eternamente deslumbrante e diz que nunca lá queria ter ido. Louca insana). Quando o marido lhe diz que ela é uma grande doida e que, se não fosse ele, não encontrava ninguém que a aturasse por mais de 6 meses, penso que tem uma certa razão. Por outro lado, Jesse, menos ideal, mais feio, mais magro, mais mal vestido, mais quarentão, é um retrato honesto do envelhecimento, do chegar àquela tal idade dos quarenta, que é tão complicada, assustadora (ouço eu dizer, porque felizmente ainda não sei, ah, ah, ah). A quase confissão de infidelidade, de ter enganado a Celine uma noite quando andava ocupado a fazer promoção ao livro, é triste, mas parece-me realista, e a posição da mesma Celine, que lhe diz que para ele é fácil falar quando é ela que organiza tudo em casa, as filhas e etc., faz todo o sentido. Parece um rol interminável de queixas, mas não deixam de ser verdadeiras, e portanto é preciso saber o que fazer. Eles, Jesse e Celine, ainda estão a descobrir.
Não gostei do cinismo todo que o filme lança sobre o casamento, aquelas conversas parvas a desvalorizar o amor, e que o amor não sobrevive como as pessoas pensam, e que a amizade é tão mais importante, e que ao fim de x anos as pessoas já não se podem ver à frente, ou até podem mas têm de ser muito independentes, e isto e aquilo. Aquele senhor velhote que era dono do hotel onde eles estavam irritou-me imenso com esta conversa, por exemplo. Que homem irritante, cuja única coisa que tem a dizer sobre a mulher falecida é "eu ainda aqui estou, e ela não". Olhe, que bom para si. Se o casamento é assim tão mau para vocês, parem de falar e divorciem-se, mas não assumam que a vossa experiência triste é igual para toda a gente.
No entanto, o final do filme é optimista, o que de certa forma desmente este cinismo insuportável. E sim, há desgaste, mas lidar com o desgaste faz parte de querer, ou não, continuar um casamento (uma união, o que seja). E o filme mostra que é possível ultrapassar dificuldades interpessoais se a pessoa estiver disposta a muita ginástica.
Eu, que preciso imenso de ginástica e de emagrecer uns dez quilos (é um facto científico), estou mais do que pronta, portanto gostei do filme. Fim.
4 comentários:
vim aqui parar por causa da Wallis, do acto Contínuo e sempre que tenho oportunidade de ler os teus posts, adoro. Escreves de uma maneira muito apelativa, clara e engraçada sem ser propositada.
8e não sou um robot não - mas uso óculos e às vezes não consigo acertar à primeira nos gatafunhos ali de baixo)
Não vi e não irei ver nem mesmo amarrado.
Julie Delpy é uma das cinco mulheres com qum eu viveria a vida (a que resta) com felicidade eterna.
E também vi "2 Days in Paris" e a cena do lapin e a partir daí não quero ver mais nenhum filme dela.
Só a quero ver ao natural num sítio muito perto de mim (de preferência na minha sala).
Neste dia 26 de Setembro faz quarenta e quatro anos que foi lançado o seu Álbum de inspiração - ABBEY ROAD. Parabéns por isso.
a.i., obrigada, volta sempre, e acredito que não sejas robot. :)
OK, Fado. Eu percebo a sua posição, porque também considero a Julie muito bonita. Se efectivamente ela for ter à sua sala, diga-lhe apenas para cortar um bocadinho o cabelo, porque aquelas melenas esguedelhadas já não lhe ficam bem. Um cabelinho mais curtinho ficava-lhe a matar.
C.B., OBRIGADA! :) :)
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