quarta-feira, 27 de junho de 2012

Coisa que não compreendo: as pessoas que, mal chega o calor, vão logo para a praia

Não compreendo, mas não é que não apoie, muito pelo contrário - eu gostava de ser como estas pessoas, esta gente que, no primeiro dia de sol e calor, já está prontíssima para ir para a praia e vai mesmo, bastando um dia para adquirirem um bronze resplandecente, como aquele que eu nunca tive nem nunca terei. Aliás, o meu médico já me admoestou, devido a todos os escaldões que apanhei, dizendo-me para desistir, que eu era pessoa sem melanina e que vivesse com isso. Não é verdade, é claro que tenho melanina, mas pronto, tenho uma melanina que é fraquita.
Continuando. Eu, para ir à praia, tenho primeiro de me preparar psicologicamente. Ver se o biquini do ano passado ainda está decente, porque se não estiver tenho de ir comprar outro, e demoro sempre imenso tempo a escolher um biquini que não seja ridículo. Detesto comprar bikinis ou sequer pensar em bikinis, detesto. Depois, tenho de me lembrar onde pus as toalhas de praia do ano passado, o saco, os chinelos. A seguir, tenho de ir comprar um bom protector solar, porque diz que não se devem usar os de anos passados, que perdem propriedades. Segue-se a preocupação com o cabelo, se vou à praia não vale a pena ir ao cabeleireiro porque o cabelo estraga-se todo de qualquer forma, mas a verdade é que está mesmo a precisar de um jeitinho, e portanto talvez seja melhor ir. Depois é procurar roupa de praia, uma tshirt, uns calções, e escusado será dizer que nunca tenho nada disso no armário.
Se consigo chegar à praia depois de todas estas tarefas, há que escolher cuidadosamente a hora do dia, se não quero sair de lá que nem lagosta escaldada, semelhante aos ingleses de tronco nu nas esplanadas, ou até pior. Depois, arranjar um sítio com sombra, e isto partindo do princípio que as outras tarefas a que uma mulher tem de se dedicar, tipo livrar-se do pêlo esteticamente feio, já foram tratadas. 
Dir-me-ão, como já me disseram antes: 'és mesmo parva, pá, queres ir à praia vais e pronto!'. Sim, é verdade que não consigo ir para a praia a correr porque a minha cabeça está cheia de censores mentais, mas também não consigo dar um mergulhito a saber que não percorri todas as etapas que deveria ter percorrido. A verdade é que não gosto assim tanto de praia, e que até a prefiro no Inverno, o areal deserto, o mar desgovernado, uns pontinhos escuros aqui e ali que marcam a silhueta de alguns corajosos surfistas, ninguém à volta a chatear. 
Mas isto não impede que não inveje profundamente quem está prontíssimo para ir para a praia em cinco minutos, tudo no lugar, e regressa depois com aquele tom dourado e saudável de um bom raio de sol. Não sei como é que estas pessoas fazem. Começam a tratar das coisas com antecedência porque o boletim metereológico lhes diz que dali a uns dias vai estar sol? Ou andam o ano inteiro em dietas, em depilações, em isto e aquilo para estarem perfeitas quando finalmente o primeiro dia de Verão se anunciar? Não sei. Sei que eu não sou assim porque, com alguma pena, preciso de preparação psicológica para tudo. 

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