segunda-feira, 28 de maio de 2012

Javardo

Estou com muita, muita vontade de escrever, embora não tenha muito para relatar.
Acho que o que me faz escrever aqui e agora é, talvez, alguma necessidade de desabafo. Acabo de ler um texto num qualquer blog que me fez imensa impressão, porque o considerei cruel, arrogante, insensível. Resvalando para o brejeiro, a palavra que me ocorre é mesmo "javardo". Era um texto javardo, que se achava dono da verdade. E foi isso que me fez mais impressão, julgo. Esta ânsia de anunciar ao mundo que o que ali se escrevia era, assertivamente, peremptoriamente, a verdade.
Os blogs que mais detesto, e que leio por motivos de sado-masoquismo que a minha alma tipicamente portuguesa não consegue controlar, são sempre assim, escritos por pessoas que se acham donas da verdade. E sim, um blogue serve para isso, para o seu autor dizer a sua verdade, mas, bolas, há maneiras de dizer as coisas. Seguramente que nem os outros são tão estúpidos nem nós somos tão inteligentes. 
Talvez por isso um dos meus blogs preferidos seja o do Tolan, que diz sempre tudo o que acha de uma forma tão graciosamente engraçada. E sensível, ele consegue ser sensível, o que também quer dizer que não escreve de uma forma agressivamente egocêntrica. Mas eu gosto do Tolan como pessoa, e isso também ajuda.
Um blogue é apenas um blogue e não vale grande coisa. Não há razão para me irritar ou para entristecer com qualquer um deles. Mas entristece-me, porque acho que isto também se passa na vida real. As pessoas acham mesmo que estão sempre certas, e vivem para se ouvirem a si próprias. É raríssimo encontrarmos alguém que genuinamente compreende que há outros à sua volta. Eu própria não devo compreender bem.
E agora tenho de parar porque, diabos me levem, às vezes escrevo cada coisa que parece uma coluna de auto-ajuda da revista Maria ou pior. E isto também me entristece. 
Suspiro. Uma boa noite, é o que desejo e, desta vez, genuinamente. 

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