quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Livros electrónicos não são para mim

Eu pensei que me habituaria a livros electrónicos, mas a verdade é que não penso que isso vá acontecer. Não me dá jeito nenhum ler um livro num écrã, por mais avançado e confortável ao olhar que este seja. Não me dá jeito marcar páginas num écrã, não o sei fazer; não me dá jeito não virar páginas de papel; não me dá jeito ir ao índice e depois voltar à página onde estava; normalmente não sublinho livros, mas se o fizesse o écrã tecnológico também não me daria jeito. Enfim, nada num livro electrónico me dá jeito, a não ser a importante razão, que não desvalorizo, de ser mais amigo do ambiente. Foi este, aliás, o principal motivo que me levou a tentar optar pelo kindle, sem grande sucesso.
No entanto, tenho esperança que os livros se continuem a imprimir em papel reciclado para eu poder continuar a lê-los. Preciso de um livro feito de papel, que eu possa dobrar, pôr na mala, deixá-lo escorregar na almofada enquanto adormeço (adoro dormir com livros), uma coisa que tenha peso. Mais importante do que isto, porém, são as memórias que um livro nos deixa. 
Um livro electrónico é um ficheiro num écrã. A única substância que tem é virtual. Se sempre tivessem existido livros virtuais, eu não teria a afeição que tenho pelo meu querido livro Rebecca - lembro-me de, certo  dia, há décadas e décadas, ter contemplado a estante da minha avó, repleta de livros antigos, poeirentos, comos os livros devem ser. Li as lombadas uma a uma, e estaquei nas pequenas letras petras contra um fundo branco, manchado pelo tempo, e que formavam um nome, um nome que eu por acaso adorava, já que sempre gostei da pirosice: Rebecca. Pensei logo que um livro com este título tinha de ser magnífico. E era. 
Se Rebecca apenas existisse em formato electrónico, talvez eu nunca o tivesse encontrado. E, meu Deus, não concebo sequer ler Os Maias pela primeira vez num kindle ou coisa que o valha.  A minha cópia dos Maias anda comigo para todo o lado e gosto de reconhecer todos os riscos, dobras, rugas da capa e das páginas. Como é que isso se faz num livro electrónico, que é sempre igual, todos os dias? Os livros em papel mudam, o papel rasga-se, ou há uma criança que faz um desenho, ou a capa dobra-se e fica meio estragada, mas a beleza deles é mesmo essa, essa imperfeição. 
E depois dizem-me, "ah, mas no kindle podes levar centenas de livros para ler nas férias!", mas o que é que isso me interessa, se eu não consigo ler centenas de livros nas férias, infelizmente? 
E é isto. Sou conservadora, sim, e para bem do ambiente deveria mudar. Talvez isso aconteça, um dia. 

1 comentário:

Jamil P. disse...

os eua e a china fazem mais mal ao meio ambiente que todos os livros já publicados desde a invenção da imprensa até hoje. viu, sr obama? eu sei que o sr. anda espionando tudo na internet e vai ler isto aqui; mas não se ofenda, é só minha opinião

eu também não sei viver sem livros em papel; por exemplo já derrubei vinho e tomei chuva com os meus (o que não poderia suceder aos eletrônicos) e as marcas que ficaram os distingue de uma maneira particular, especial; o papel é como o corpo para o conteúdo do livro, sua alma; e na minha opinião um não pode viver sem o outro