segunda-feira, 4 de maio de 2009

Cunhado

Um breve post para indagar, e também para me interrogar, sobre a condição de "cunhado". Não sei porquê, mas a mim um "cunhado" faz-me sempre lembrar alguém da máfia, do estilo "eu e o meu cunhado temos aí um negociozito de lavagem de dinheiro que está a correr muito bem; vamos expandir para offshore e isso". Não consigo imaginar um outro membro da "família" que não seja o cunhado para se ter um honesto e lucrativo negócio de lavandaria.

Um outro facto que constato é que os cunhados são um tanto ou quanto omnipresentes. As pessoas dizem muito "estava a falar com o meu cunhado e ele disse-me que isso é mentira", ou "tenho um cunhado que foi de férias a Cuba e não gostou nada daquilo, que ele é do PP", ou ainda "nesta fotografia estou eu, os meus filhos, a minha irmã e o meu cunhado, que trabalha no stand da Seat".

Para mim, os cunhados são personagens perfeitas ou dos Sopranos (o cunhado que vem de Itália para ajudar o Tony nos seus afazeres diários, chantagens, lavandarias, espancamentos e quejandos) ou das crónicas do Lobo Antunes (o cunhado a comer frango assado, de fato de treino no centro comercial e a mostrar fotografias de férias a Cuba, ou República Dominicana, ou sul de Espanha). Talvez isto se deva ao papel ambíguo e vago dos cunhados, que servem para dar paternidade aos nossos sobrinhos, e depois pairam sobre a família, vindos sabe-se lá de onde. A complicada patronímia de parentescos na língua portuguesa também não ajuda - sogra, sogro, genro, nora e finalmente cunhado, como seria de esperar.
Realmente, "cunhado". Quem é que teve ideia de inventar "cunhados"? Esta questão intriga-me. Quando tiver resposta, escrevo aqui no blog. Até lá, remeto-me ao silêncio, porque, seguindo Salvatore Rosa que está no post ali em baixo "fala melhor do que o silêncio, ou então cala-te".

4 comentários:

Zorze disse...

Cunhado vem do verbo cunhar, será?

Xantipa disse...

Desde que descobri que ele, afinal, era meu cunhado e que o seria até ao fim da vida, foi assim que o passei a chamar, evitando perífrases como «o ex-marido da minha irmã» ou «o pai dos meus sobrinhos».
Também lhe posso chamar, à tua frente, claro, «teu pai».
:)
Já agora, o teu pai é um tipo muito porreiro!

Xantipa disse...

E muitos beijinhos para ti!

Di disse...

O que tu inventas!